avó 2 *


Ontem foi mais um dia complicado. Quase para variar. A minha avó teve mais uma das crises e passei quase a noite com ela, num hospital. A chamada de ontem - afinal - não foi para dizer que tinha saudades minhas - foi sim para me pedir ajuda. Saí de casa - com um medo enorme, do que me poderia esperar, quando lá chegasse. Como calculei, as coisas não iriam ficar bem. Tive de suportar sozinha a minha dor e a dor dela - a minha, com medo de a perder (mais uma vez) e a dela que era bem maior que a minha. O coração apertou até à chegada da ambulância - já não podia ouvi-la a suplicar por ajuda, já não conseguia estar ali - mas eu não podia largá-la. Tinha de ser forte - como de quando todas as vezes estou nesta situação com ela. A noite por lá foi tranquila - como é de hábito. Eu sei que ela vai voltar para lá dentro de pouco tempo - devido só e apenas aos hospitais públicos - que lamentavelmente - deixam as pessoas idosas ao abandono - como se fossem NADA ! É este o sistema que temos no nosso país. Como já é pouco medíocre!
Passando à frente. Eu sei que um dia vais ter de ir - para um lugar melhor.
Mas ontem, as tuas palavras tranquilizaram o meu coração - quando me agarraste a mão e disseste - mesmo em aflição - 'eu não vou morrer ainda, não te assustes.'
Estou à espera do derradeiro dia - assusta-me tanto - mas a verdade é que ninguém cá fica. Mesmo que a nossa força seja muita, acabamos por ceder ao inevitável. Infelizmente.

. muita força, avó, Gosto muito de ti (L)

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