butterfly.


Borboleta - das noites de Verão. Um dia pousou sobre a minha janela - olhei-a de relance. Estava coberta no lençol, com um beco da janela aberto. Lá pousou - de tamanha beleza. À medida que se achava em solo, as suas assas foram parando de bater. Alcancei-a - estiquei-lhe o dedo. Confiou em mim. As suas assas eram brilhantes - de tal modo que me pareciam flurescentes. A sua tonalidade era fresca e amena. Sentei-me, deixando-a pousar sobre a mesa. Olhei para ela e perguntei: 'Porque pousaste sobre a minha janela ? Porque confiaste em mim ?' Ela bateu um pouco as assas e na minha imaginação, estava a sorrir-me. Não me deu resposta. Fiquei ali meros minutos a olhar para ela - a sentir a sua liberdade; a sua beleza. Depois pensei que seria de bom grado, contar-lhe um segredo - talvez ela me ouvisse. Não sei se me ouviu. Não falou comigo. Mas eu contei-lhe na mesma. Ela estava a fazer-me companhia - de uma maneira diferente, mas estava. Se calhar mais, que algumas pessoas têm capacidade. Podia ter ficado a noite inteira a contemplar as estrelas com ela - podia, mas não quis. Podia ter pegado nela e a ter libertado - podia, mas não o fiz. Em vez, fui deitar-me novamente - deixando o beco da janela aberto, para o caso de ela querer sair. Quando dei por mim, novamente, o Sol já irradiava do lado de lá da janela. Olhei para a mesa - onde a tinha deixado - para a ver. Já lá não estava - nem sinal. Na noite a seguir, esperei por ela novamente - para lhe contar outro segredo, talvez -, mas ela não mais veio. Nem nessa noite, nem nunca mais. Tal como a borboleta, muitas pessoas que passam pela nossa vida, - que tem os nossos segredos nos seus cofres - desaparecem. Simplesmente não voltam.

. mesmo sabendo isto, todos os dias esperamos por essas pessoas - que teimam em nunca mais voltar.

1 comentário: