reflexo.


Às vezes ponho-me a pensar. Quem pensa que escrever talvez seja tarefa fácil, engana-se - pelo menos, é assim que penso. Não é que seja muito entendida, mas não é assim tão banal. Tem dias que se quer muito escrever - libertar, talvez - e as palavras ficam presas dentro de nós - simplesmente não sooam bem, não saiem. É dificil dar continuidade a uma coisa para a qual não estamos focados - pelo menos nesse dia . Quando mais precisamos, é quando não há alma nem imaginação a que nos entreguemos, não há palavras que nos conformem, não há. É ao silêncio que damos as mãos e ao pensamento vazio que partilhamos as nossas emoções. Ás vezes mais vale assim. Quem sabe, se outro dia não temos tudo no sítio e nos saí mais que um texto que aos olhos dos outros parece bonito - vivido por nós. Pelo que sei (pouco, talvez!), quem escreve, sente cada palavra, contrói minuciosamente cada frase. Sempre foi assim. Admiramos os grandes escritores - aqueles que se encontram no pódio - mas nós somos (certamente) capazes de escrever tão bem quanto eles - porquê ? porque nenhum é igual a nenhum, nem tão pouco escrevem da mesma maneira. Cada um tem a sua - como todos nós. Mas ainda bem que eles existem - muitos de nós, é neles que nos inspiramos. Mas como vulgares que somos, se um dia não chegarmos ao pódio, não faz mal. Alguém (de certo!) admirou os nossos textos - nem que sejamos só nós próprios. Mas alguém. Se calhar, tem de existir vocação - mas ela não vem sozinha. É preciso alma - sentimento, até - no que se escreve. São precisas mais que palavras em frases feitas.

um dia eu sonhei ser assim (...) no outro eu descobri que só tenho de ser eu próprio - talvez consiga ser melhor do que pensei puder ser.

Sem comentários:

Enviar um comentário