Tic-Tac.



Os ponteiros dos relógios estão numa correria. Nunca param - ninguém (ou nada!) os pode parar. O tempo passa por nós de uma forma incontrolável - muitas vezes indesejavelmente rápido. De todas as vezes que fecho os olhos e me ponho a pensar no futuro, no que eu me hei-de tornar daqui para a frente (10/20 anos, pouco me importa!) transtorna-me profundamente. Agora que estou um pouco mais madura (crescida, digamos) e as indiferenças de quando era criança me passam ao lado, acho que podia parar por aqui. Já tenho perfeita noção do que é a vida, do que custa para ser devidamente vivida e daquilo que tenho de dar por ela - para mim, bastava-me isso. Mas os relógios não param; o tempo circula; os anos correm. Sei que não vou parar, vou ser mais do que aquilo que sou agora (ou menos, maybe), vou mudar ainda mais. De todos aqueles a que chamo de adultos, não noto diferenças em nenhum deles - é isso que me assusta. Não me quero tornar vazia. Quero sentir tudo, da mesma forma, que agora sinto. Não me quero ocupar de coisas meramente superficiais. Quero ter tempo para mim e para os meus. Quero amar, ter tempo devido para amar - é talvez, o mais importante. Não quero ver a pessoa que dorme na mesma cama que eu, apenas como uma companhia, como uma pessoa - tenho de amá-lo e cuidá-lo, não com obrigação, mas com vontade. Mais que o tempo, assusta-me o quanto vou mudar. O tempo muda o coração. Com o coração vão as pessoas. Com as pessoas os sentimentos. Tenho medo, mas se se tem de enfrentar, então que venha. Que venha a vida medíocre. Hei-de ter coragem, não hei-de fracassar. A vida é desafio, de entre todos os caminhos, temos por hábito (terrível e eterno!) de seguir pelo mais fácil - não que isso nos fortaleça, mas é a nossa escolha. Contruímos uma rotina e lá vivemos.

. e porque não alimentar-me da esperança que posso ser a excepção ?

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